sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Votando sem sair do carro

Minhas observações do sistema eleitoral americano me fazem concluir que este é um setor em que os americanos podiam aprender um pouquinho com os brasileiros. Sem discutir o sistema como um todo, porque eu ia precisar explicar primeiro o americano e depois compará-lo ao brasileiro e esse post ia ficar enorme e chato (aliás esse tipo de informação é facilmente encontrada na internet em fonte seguras), vou me ater a algumas decisões práticas que podiam ser tomadas aqui, prá facilitar a presença dos eleitores nas votações - lembrem, nos EUA não é obrigação do cidadão o ato de votar.


Eu começaria com o dia escolhido. No Brasil, sempre cai num fim de semana. Aqui não. Exatamente o contrário, é sempre num dia de semana. Não é preciso explicar a dificuldade que isso acarreta para muitos, não é?

Outra coisa é a insistência na utilização do papel. Além de extremamente anti-ecológico, num país que vem lutando prá ser verde, ajuda na demora da votação, criando mais filas, dúvidas e etc. Alguns estados testaram votações eletrônicas mas eles ainda não estão satisfeitos com a segurança das máquinas. No país da criação do computador pessoal, eu imaginava que eles já podiam estar avançados nessa tecnologia, não?

Mas, com essas e outras contradições de um primeiro mundo, eis que esse ano há algo novo no ar. Votar, eletronicamente, sem sair do carro, em drive-throughs, daqueles tipo os de lojas onde se compra café ou sanduíche. Não é fantástico? E como aqui é permitido votar com antecedência - outro ponto positivo do sistema - muita gente já está fez da iguaria.

A experiência do voto sem sair do carro ainda foi por apenas um dia, no Condado de Orange, aqui na Califórnia. Mas parece que foi satisfatório! Já existe em um outro condado da Califórnia um local onde você pode levar o seu voto, caso você tenha recebido o papel pelo correio.Mas agora há a possibilidade de você sair de casa, ir ao local de votação, entrar na pista onde está a cabine e votar! Para os aficcionados por carro como os californianos, nada mais cômodo!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Resultado das eleições 2008 no Brasil

Essa é prá quem está fora do país ou até mesmo para aqueles curiosos que querem saber quem ganhou as eleições numa cidade que não aparece muito em jornais nacionais ou em sites de notícias.

No site do TSE há um link para a divulgação desses resultados. Siga as instruções de instalação do programa que eles têm e você pode encontrar todos os resultados dessas eleições de 2008 em qualquer cidade brasileira que queira!

Leite ainda é um ótimo investimento

Em tempos de loucura econômica, é sempre bom ter idéias criativas no supermercado, não? Já disse aqui que desde que me mudei para os EUA de vez, um dos campos no qual vivo me informando é o campo financeiro. Não falo somente no funcionamento de Wall Street -principalmente nos últimos dias - , mas em sobre o quê as pessoas que moram legalmente nesse país devem saber para participar tanto das vantagens de se viver num país de primeiro mundo, como das responsabilidades que vêm com toda essa viagem.


Pois bem, uma das pessoas que me ajudaram muito foi uma consultora financeira chamada Suze Orman. Eu nunca encontrei essa senhora, mas caso isso aconteça um dia, eu tenho muito a agradecer. Difícil sintetizar o trabalho dela mas entre livros, programas de televisão, palestras e site, Suze Orman coloca em palavras fáceis, instruções onde escolas têm se ausentado. Tanto aqui, como no Brasil, eu acho. Afinal, as crianças aprendem fórmulas químicas impossíveis de serem detectadas no mundo real - amo química, nada contra - mas saem do colégio sem ter a menor noção de como ler um extrato bancário! É mais ou menos por aí que Suze aparece. Ela tem uma missão, ensinar todo cidadão a cuidar do seu dinheiro!

E, no fim de semana, ela aparece nesse anúncio, de uma campanha muito conhecida por aqui, que estimula o consumo de leite no país. Nenhuma surpres, afinal como muitas outras celebridades, Suze é pessoa de influência no país. Mas, a diferença foi no recado. Na foto, como não podia deixar de ser, ela chama atenção para uma outra razão de se consumir leite. Eis o cartaz da campanha com o texto a seguir:

“Milk your budget. Investing in your health always pays off. That’s why I drink lowfat milk. Even at today’s prices, an 8-ounce glass of milk only costs about a quarter, which is a great value when you consider that milk is one of the most nutrient-rich items in your grocery cart. So drink up. You can’t afford not to.”

Na minha livre tradução, ela diz mais ou menos isso: “Explore o seu orçamento. Investir na sua saúde sempre vale a pena. É por isso que eu bebo leite desnatado. Até mesmo com os preços de hoje, um copo de leite custa cerca de 25 centavos, o que é um ótimo valor considerando-se que leite é um dos mais ricos nutrientes no seu carrinho de compras. Então, beba à vontade! Você não pode se arriscar a não beber.”

Boa dica? Você também tem uma? Mande prá mim!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

EUA em crise - e eu com isso?

Desculpem a ausência dos últimos dois dias, mas tenho passado o dia inteiro antenada ao que acontece em Wall Street. E, como muitos por aqui, perplexa fiquei ao final do dia de segunda-feira, quando o Congresso americano vetou o pacote de ajuda financeira proposto pelo governo.

A consequência para os EUA foi visível e mais está para vir. Alguma solução vai ter que ser apresentada, porque o país não vai segurar uma crise dessas por muito tempo. Então, depois que os políticos - que, na sua maioria, são iguaizinhos em qualquer lugar do mundo, isto é, egoístas, egocêntricos e atraídos por câmeras de televisão - que votaram contra a proposta, perceberam a porcaria que fizeram, já enfiaram os rabinhos entre as pernas e estão prontos a votar a mesma proposta - com alguma modificaçãozinha - no fim do dia de hoje.

Mas, o estrago está aí. E muita gente do que aqui eles chamam de “Main Street”, ou seja, o povão, fica se perguntado: “se tudo continua na mesma, então por que é que eu tenho que me preocupar com o que acontece com Wall Street?”.

Já disse aqui que não sou especialista em economia mas, como toda boa jornalista, sou especialista em generalidades, então vou tentar explicar porque você, quer esteja nos EUA ou no Brasil deve SIM se preocupar, se informar e agir caso precise, nesse momento. E porque esse pacote é tão importante para o país e para o mundo.

O que está acontecendo aqui, de forma geral, é um aperto no crédito. Que, como uma bola de neve, vai acabar afetando todo mundo. Vou usar o exemplo que foi dado na segunda-feira, no jornal televisivo daqui, cujo video está nesse link, prá quem quiser assistir.

O que ocorre numa economia funcionando da forma que deve é mais ou menos isso:
Digamos que um certo banco tem 100 dólares guardados. Numa economia sadia, os bancos emprestam esses 100 dólares, digamos, para um agricultor que, agora com esse dinheiro, vai poder comprar sementes das pessoas que as vendem, e um trator das pessoas que vendem tratores, agrotóxicos das lojas que vendem agrotóxicos, e por aí vai.

Essas pessoas que venderam para o agricultor geralmente vão pegar esses 100 dólares e comprar outras coisas e também vão colocar um pouco do dinheiro no banco que, com mais dinheiro, vai poder emprestar para um dono de restaurante, por exemplo. O dono do restaurante vai usar esse dinheiro prá comprar carne do açougueiro, e pão do padeiro, e mesas do carpinteiro…

Da mesma forma, essas pessoas vão usar parte do dinheiro que receberam do dono do restaurante prá comprar coisas e um pouco prá colocar numa poupança num banco, que de novo vai ter dinheiro prá emprestar prá outras pessoas.

Ou seja, em bons tempos, de economia saudável, aqueles 100 dólares vão pulando de mão em mão e toda vez que esse dinheiro pula, mais pessoas têm mais trabalho.

Mas, aí, com a crise dos empréstimos - que aconteceu porque as pessoas começaram a não pagar os empréstimos que fizeram por infinitas razões- , os banqueiros começaram a ficar nervosos porque o risco de emprestar dinheiro estava só aumentando. Eles começaram a se questionar se iam ser pagos pelos empréstimos que deram!

Então, eles começaram a diminuir os empréstimos, diminuindo a velocidade com que aqueles 100 dólares estavam pulando de mão em mão. A consequência é imediata no número de pessoas desempregadas, que aumenta, e até mesmo no tempo que essas pessoas ficam desempregadas, que também aumenta. E com mais pessoas desempregadas, menos dinheiro circula, porque menos pessoas podem comprar do agricultor, menos pessoas podem ir ao restaurante, e etc.

E aí, o pula-pula dos 100 dólares diminui ainda mais até que os bancos podem simplesmente parar de emprestar dinheiro por completo, o que seria um desastre global! É só você imaginar esse dólar numa escala mundial, de importações e exportações - afinal os EUA são sozinhos os maiores consumidores do mundo - que você vai entender como isso pode afetar você aí no Brasil!

Então, o que o pacote proposto pelo governo estava tentando fazer era comprar aqueles empréstimos ruins que os bancos tinham, prá colocar dinheiro nas mãos dos bancos de forma que eles voltassem a emprestar dinheiro de novo, como faziam.

Toda a discussão era de quanto pagar por esses empréstimos de forma que os bancos tenham o suficiente para voltar a funcionar normalmente mas ao mesmo tempo não muito, de forma que os contribuintes não acabem por ser responsáveis por pagar por aqueles que provocaram essa confusão toda.

Essa é uma explicação bem simplista mas nem por isso imprecisa. Acho que deu prá esclarecer um pouco a importância de estar informado a respeito do que acontece por aqui, não?