sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O medo que atrasou uma sociedade

Que os Estados Unidos estão enfrentando uma baita crise econômico-financeira, não é mais segredo. Analistas por todo lado tentam resumir as razões que levaram o país - que ainda têm, segundo estatísticas de 2007, o maior PIb (Produto Interno Bruto) do mundo- ao momento atual.
As guerras que o país têm mantido sem dúvida alguma estão no topo da lista, afinal, o custo total dessas invasões deve chegar a 3 trilhões de dólares, como falei aqui!

Mas, o tema de hoje não é a guerra em si, nem as tantas outras óbvias razões para esse desaquecimento da economia americana. E sim, um fator que não tem sido levado em conta - pelo menos eu não tenho visto muitos comentários a respeito - que é o MEDO como instinto paralisante, durante esses anos.

Tudo bem, sei que o medo não é um instinto paralisante e sim de defesa, etc, etc, que é utilizado por qualquer espécie animal como um mecanismo de auto-preservação, blá, blá, blá. Mas, o medo sem real motivo tem feito americanos reagirem de forma inconsequente, até.

Um exemplo? Na semana após o 11 de setembro, o número de passageiros em aviões - considerado o mais seguro meio de transporte que existe, segundo as estatísticas - diminuiu drasticamente. É verdade! As pessoas passaram a usar mais as estradas. Conclusão: a morte por acidentes de tráfego durante o ano seguinte aumentaram uma percentagem assustadora!

No livro “The science of fear” (”A ciência do medo”) de Dan Gardner, o autor adverte o público para não acreditar muito no que vemos na televisão, no consenso popular e até mesmo no nosso instinto, o tempo todo. Segundo o autor, o nosso mecanismo subconsciente de auto-preservação pode estar amplificando as imagens, histórias e estatísticas que vemos na tevê. O resultado é que exageramos o perigo real de ameaças não tão reais assim como vírus Ebola, ataques terroristas, acidentes de avião, ataques de tubarões e subrestimamos ameaças muito mais prováveis de acontecer, como acidentes de carro, por exemplo.

O medo de ameaças vindas de fora é histórico na sociedade americana. Na era comunista, crianças eram ensinadas a como reagirem em caso de ataques de bombas. Até mesmo no jardim de infânica todo mundo sabia o que fazer! Um dos rumores, que chega a ser engraçado, mas que era de conhecimento geral, era de que, caso os chineses resolvessem atacar os EUA, seria um massacre total, porque os americanos ficariam sem munição antes que todos os soldados chineses morressem, tão grande era o número de soldados, de acordo com o número da população!

Eu sei que na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, há alguns anos que o medo da violência tem tido efeitos práticos na economia da cidade. Conversando com taxistas quando morava lá, todos eram unânimes em afirmar que o número de pessoas pela cidade à noite tinha diminuído drasticamente. Até restaurantes, conhecidos por ficarem abertos até altas horas da noite, andavam fechando bem mais cedo, porque não valia a pena ficar aberto até tarde.

O americano é um povo acostumado a viver sob o medo, mas parece que o ataque em própria terra assustou um pouco mais profundamente. Uma pena.

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