terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Hugo Chávez e o governo americano

Já tem um tempo que o presidente venezuelano anda implicando com o governo americano. Quando eu ainda morava no Brasil, lembro que as notícias que envolviam Hugo Chávez pareciam tão absurdas que, algumas vezes, chegavam a ser engraçadas, ninguém levava o cara muito a sério. Mas ele sempre esteve na mídia, atacando os americanos.

Mas, nesse último ano, não sei se foi porque me mudei prá cá ou se Chávez realmente incrementou seu discurso, mas a sua figura, mesmo às vezes sendo cômica, começa a se tornar perigosa. E o cume dessa ameaça foi, prá mim, o referendo último, no país venezuelano.

Antes do encerramento da campanha para o tal referendo constitucional, que daria poderes ditatoriais à Chavez, o presidente ameaçou suspender as exportações de petróleo para os Estados Unidos. “Se o sim ganhar no domingo e a oligarquia venezuelana, fazendo o jogo do império, vier com histórias de fraude“, advertia Chávez, “a venda de petróleo para os EUA será suspensa na segunda-feira.”

No discurso, Chávez atacou ainda o rei da Espanha e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, seus mais recentes desafetos, a rede de televisão americana CNN e o presidente George Walker Bush: “Não estamos, na realidade, enfrentando esses peões do imperialismo“, declarou Chávez, falando da oposição venezuelana. “Nosso verdadeiro inimigo é o império norte-americano. Vamos dar outro nocaute em Bush“. E para polarizar ainda mais a Venezuela, acusou seus inimigos de traição à pátria: “Quem vota sim, vota em Chávez. Um voto pelo não é um voto para George W. Bush.”

Chávez ameaçou ainda estatizar os bancos espanhóis, se o rei Juan Carlos não pedir desculpas por ter lhe mandado calar a boca no encerramento da Cúpula Ibero-Americana, no mês passado. Além disso, o presidente venezuelano ameaçou cassar a televisão independente Globovisión e expulsar os jornalistas da rede de TV americana CNN: “Se algum canal de televisão estrangeiro vier para a Venezuela participar de uma operação do imperialismo contra a Venezuela, seus repórteres serão expulsos do país, eles não serão autorizados a trabalhar aqui“, advertiu Chávez. “Pessoal da CNN, ouça bem! Isso é só uma advertência“, ameaçou o líder venezuelano.

Se vencesse, Chávez teria poderes virtualmente ditatoriais, como reeleição sem limites, controle absoluto sobre o banco central, direito de decretar estado de emergência e suspender a liberdade de imprensa, de criar e extinguir cidades, províncias e departamentos.

O resultado: rejeição da proposta de reforma constitucional do presidente Hugo Chávez para implantar no país o “socialismo do século 21. Com 4.504.354 votos válidos (50,70%), o Não superou o Sim, que obteve 4.379.392 (49,29%). A abstenção foi de 44,11%. Uma das explicações da vitória do Não é essa elevada abstenção. Os chavistas contrários às reformas não teriam se mobilizado.

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