quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Sistema de Saúde americano II


O que pretendo trazer aqui é tão somente um panorama do sistema de saúde americano, que deve ajudar quem pretende morar aqui, e não prá quem vem somente à passeio. Se você vem como estudante ou turista, eu aconselho adquirir, juntamente com sua passagem, um seguro para emergências, pelo menos.

Diferentemente do Brasil, não são todos os cidadãos americanos que têm direito à saúde pública. Na verdade, muito poucos são qualificados a adquirir programas como o Medicaid, que tem particularidades em cada estado, mas que no geral, é um programa que dá assistência àquelas pessoas que têm uma renda anual considerada bem pequena.

Se você não pode adquirir nenhuma assistência desse tipo, o melhor é ter um plano de saúde privado. Claro que, caso você não tenha um e vá parar numa sala de emergência, você será atendido, mas provavelmente o hospital vai fazer você assinar um papel com suas informações e, algum dia, você vai receber a sua conta!

A idéia, me parece, é fazer com que as pessoas que têm condições de pagar por seu próprio plano de saúde - aqueles que não podem qualificar por um programa público - o façam. E então, o governo dá boa assistência àqueles que não podem.

Os problemas são muitos decorrentes desse sitema. Porque, como estou constatando depois de 6 meses nesse campo, nem todo mundo entende que essa é uma responsabilidade individual. Então, as pessoas compram carro, casa, tevê de plasma e LCD, têm o último modelo de celular, i-pod, Wii, mas não asseguram aquilo que é único, que não pode ser trocado, que a gente só tem chance de ter um: o nosso corpo, a nossa vida. E, quanto mais jovem a pessoa, parece que a idéia de invencibilidade é maior.

Segundo algumas estatísticas, a razão de cerca de metade das pessoas pedirem falência aqui, seria devido à contas de tratamentos médicos. As contas podem chegar a ser astronômicas! Porque, como no Brasil, se você vai ao médico e não tem plano de saúde, provavelmente você vai pagar uns 100 reais numa consulta, não? Mas, se você tem um plano que cobre 100% suas consultas médicas, sabe quanto uma companhia de seguro paga ao médico pela mesma consulta? Eu diria que, hoje em dia, deva estar em torno de 35 reais. Aqui, no que tange à contas de hospitais, é a mesma coisa.

Mas, ter plano de saúde ainda não garante que você possa estar totalmente seguro. Vou falar das diferentes formas de planos no próximo post.

Caso você tenha alguma dúvida, deixe um comentário sobre o assunto, que tentarei responder nos próximos posts ou, se a dúvida for muito específica, envie um email: simonetross@gmail.com.

E pensar que eu sempre tive plano de saúde no Brasil porque morria de medo dos hospitais públicos... O problema é que lá você tem direito à tratamento público, mas pode morrer esperando; aqui você pode perder tudo o que levou a vida inteira prá poupar, ou morrer porque, sem dinheiro, não pode fazer o tratamento adequado...


18 comentários:

Regina disse...

Simone,

Eu nao tenho carro do ano, casa, tv plasma, etc. e ainda nao tenho condicoes de pagar quase mil dolares por mes por duas pessoas completamente saudaveis. Como tenho certeza que vc ja sabe, existe por voltda de 40 milhoes de pessoas nesse pais sem seguro saude. Duvido que seja porque elas preferem comprar os bens de consumo que voce se referiu. O sistema de saude nesse pais e' uma vergonha.
Alem do preco altissimo, as companias podem se recusar a aceitar alguem por causa de "pre-existing conditions" (por doencas que ja tinham antes de adquirir o plano. Ora bolas, se o seguro nao cobre os problemas de saude de alguem para que te-lo?

Quando eu estava gravida da minha filha eu tinha Blue Cross. Eu estava pagando quase $200 por mes (isso ha 8 anos) e descobri que eles nao cobriam parto 100%! Eu teria que pagar pelo $1,500 do meu bolso. Eu nunca ouvi um absurdo tao grande.

Com o meu filho (ha 11 anos) eu tinha Kaiser. A minha primeira visita foi com um gineco, o pre-natal com uma nurse praticioner (nada contra). Mas ai descobri que quem faria o parto seria qualquer estagiario que estivesse de plantao naquele dia, ou seja, alguem que eu nunca tinha visto na vida. E ainda assim eu estava pagando uns $200 todo mes.

Sinceramente, eu tenho horror a esse sistema.

By the way, se vc tiver alguma dica para pessoas que sao self-employed como meu marido, eu agradeco.

Bjs.

Regina

anderson.head disse...

interessante, estou curtindo ler seus post sobre isso, é uma realidade bem diferente das imagens de "E.R." por exemplo.

Veja se entendi, aí, você tem que ser bem pobre ou bem rico para ser bem tratado... meio-termo "ta "frito"?

Mas em um certo ponto, é interessante esse argumento sobre prioridades na vida. só pensamos na saúde quando ela falha. infelizmente.

Aí, aquele plano que não quisemos pagar porque tinha todos as coberturas, porque não precisava, pois, estava saudável, fica pra trás. depois "descobre" que o plano não cobria esta doença.

abraço.

Simone disse...

Regina, eu ouço histórias como as suas pelo menos uma vez por semana. Mas, calma, há solução!Vou tentar seguir uma linha de pensamento p eu não me perder, mas depois vou te mandar um email c algumas perguntas pessoais p ver se posso te ajudar. Meu nicho é exatamente c self-employed!!!

Anderson, essa é a realidade daqui, mesmo! O meio, q vc falou, é justamente a classe média americana, que está já apertada pq tem q pensar na faculdade dos filhos, no pagamento da casa, e q paga bastante imposto - aqui as pessoas não têm como escapar de pagar!

Agora, sobre as doenças pré-existentes q vc e a Rê falaram, temos q entender o q é realidade: as companhias de seguro não estão aí p fazer caridade e sim p lucrar! Se uma pessoa q nunca pagou por um plano e, porque descobre agora q tem diabetes, por exemplo, resolve ter um, vocês não concordam q essa pessoa não é interessante p a companhia, segundo o q afirmei acima??? É bem óbvio q essa pessoa vai usar o plano muito mais do q uma pessoa saudável, então ou ela tem q pagar mais, ou às vezes não é aceita, pq não é interessante p a companhia de seguro, entende? Então, se as pessoas q moram aqui sabem disso, o melhor é se preparar, não acham?

Regina disse...

Anderson,

Vc esta absolutamente certo: ou vc precisa ter grana (ou ter um empregador que cubra um bom seguro) ou ser pauperrimo para conseguir um bom atendimento medico, na minha opiniao. Pessoas de classe media, especialmente as que sao trabalhadores autonomos, estao fritas. O problema tb e' que muitas companhias que oferecem seguros por um preco com disconto nao aceitam pessoas autonomas, so atraves do empregador. E' uma M...., com m maiusculo. Eu moro nesse pais ha 21 anos e ainda nao tenho uma situacao que considero satisfatoria nesse respeito. Eu tenho um plano de seguro para os meus filhos que e' subsidiado pelo governo, mas esse plano nao cobre adultos. Durante um tempo cobria, ai o nosso wonderful governador, o Terminador, cortou o programa. Tipo: nos tomanos conta das criancas, mas os pais que se lixem. Ninguem pergunta: quem cuidara dessas criancas se os pais ficarem doentes? Eu nao tenho problema em pagar por um plano desde que seja de acordo com a minha renda. O problema e' que os precos sao exorbitantes e com um bando de excecoes do que o plano nao cobre.

Nao, Simone, with all due respect, eu discordo de voce. Saude publica, assim como educacao e moradia sao direitos basicos da cidadania. Nao ha desculpa que no pais que gosta de se afirmar como o mais rico e poderoso do mundo as pessoas nao possam ver um medico. Seguro saude nao deve ser visto como fonte de lucro. Na minha opiniao, esse e' precisamente o problema com o sistema de saude desse pais. As pessoas nao tem direito ao basico enquanto os executivos das Kaiser da vida enchem o bolso de dinheiro. Eu acho isso um crime.

Eu acho que todas as pessoas que moram aqui devem ter direito ao acesso a saude publica (nao so emergencia, mas a prevencao tambem). Eu sou em favor do single payer system, como no Canada. Quem tem dinheiro e quer comprar seguro saude privado que o faca, mas pelo menos assim todo o mundo poderia ser coberto.

Outro problema e' vincular o seguro ao trabalho das pessoas. Tem pessoas que se sentem praticamente presas ao trabalho porque nao podem se arriscar a perder o seguro. Muitas pessoas hoje em dia perdem o seguro porque perdem o emprego. Ai se elas tentam conseguir um outro seguro podem ser rejeitadas, especialmente se ja tem algum problema (pressao alta, diabetes, etc.)

Por ultimo, esse sistema nao e' "cost effective." Custaria muito menos para o pais investir na prevencao que pagar pelo tratamento de emergencia. Quanto ao custo de cobrir todo mundo morando aqui. E' simples! Que tal comecar cortando os salarios obscenos dos CEO's dessas companhias de seguro.

Simone, espero que nao se sinta ofendida. Nao e' nada pessoal. Mas eu moro aqui ha mais de vinte anos e acho que esse sistema e' podre. Esta mais do que na hora de mudar.

By the way, acabei de receber uma carta do governador convocando os moradores da California para participarem de um debate sobre health care. Can you believe it?? Pelo menos e' uma iniciativa. Estou curiosa para ver o que ele vai propor, especialmente apos o corte no program Healthy Families, do qual eu participava. Infelizmente, eu nao vou estar aqui. Estarei no Brasil a partir do dia 8. Se vc estiver interessada o debate sera no dia 11 de agosto (sera via satelite).

Se vc quiser conversar mais sobre isso depois que eu voltar do Brasil o meu email e' reginacamargo1@gmail.com.

PS: Esse comentario ficou tao longo que ate parece post, sorry!

Beijos,

Regina

Simone disse...

Regina, não acho q me expressei bem, qdo falei das companhias de seguro. Eu concordo plenamente c vc em q saúde é um princípio básico da cidadania,e q deveria ser oferecido à todos os cidadãos, principalmente num país em q se paga tanto imposto. O q eu dizia é q, infelizmente, no momento, a realidade é essa, e p viver nesse país vc tem q entender a realidade em q vc vive p não passar por situações como as q vc descreveu e histórias horríveis q ouço, de pessoas q não têm a mínima idéia do risco q estão correndo em não ter seguro de saúde aqui. Eu conheço o programa Healthy Families e já ajudei muitos clientes a tentar se qualificar p incluir as crianças, mas nem todos conseguem.
Mas, o momento, em todo país, é de discussão desse sistema e isso é ótimo! Vc viu o filme Sicko? Eu acho q foi um dos melhores documentários q Moore fez e ele foi bastante feliz no ponto q defendeu, q é saúde pública p todos. No cinema em q assisti, muitas pessoas bateram palmas em momentos do filme, concordando c ele, e isso mostra q tem mais gente q pensa nessa solução, mas acho q isso deve demorar muiiito, pq o lobby dessas companhias, junto c a farmacêutica, é muito forte aqui!

Regina disse...

Si,

Ainda nao vi o filme do Moore, mas estou doida para ver. Eu acho que tanto o sistema de saude quanto a guerra sao temas que estarao no topo da agenda dos candidatos nas proximas eleicoes. Concordo com vc quanto ao lobby das companhias de seguro e da industria farmaceutica. E' um absurdo!

Healthy Families e' excelente. O unico problema e' que a margem de renda e' muito estreita. Se vc ganha um pouco a menos e' desqualificada e se ganha um pouco a mais tb. Nos temos que sempre estar atentos a renda. Teve um ano que eles decidiram que o meu marido tinha ganho demais e cortaram o seguro das criancas. Levou quase um ano para conseguirmos de novo. It was a total nightmare.

Eu ainda acho que muitas pessoas nao tem seguro nao porque nao estao a par da realidade daqui, mas sim porque nao tem condicoes de pagar. They simply cannot afford it!

Beijocas,

Regina

Renata Pereira disse...

Regina
Não deixe de ver Sicko. Eu, que estou aqui há menos de 3 anos, fiquei horrorizada. Tenho Blue Shield of California, e sinceramente acredito que caso eu precise de algum tratamento ou operação séria, vou ter que fazer no Brasil.

Anônimo disse...

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