Mais uma notícia de que havia um plano de ataque em solo americano. Explosivos seriam detonados em uma grande rede de encanamento de combustível que alimenta o aeroporto JFK, em Nova Iorque, e também passa por áreas residenciais. A foto é proveniente do Google Earth, o site que, segundo um dos acusados de armar a trama, deveria ser usado porque os vídeos feitos por eles para vigiar o aeroporto não seriam suficientes. Apesar deste ser um tópico que gera calorosas discussões, não posso me esquivar de tocar no assunto, pois somente depois de vir pra cá, regularmente, que consegui entender um pouco da dinâmica em torno do assunto, no cotidiano das pessoas.
Logo depois do ataque de 11 de setembro, eu vim prá cá pra passear. Em outubro, cá estava eu visitando o país que, cinco anos depois, eu chamaria de lar. Na época, acho que todo mundo ainda estava um pouco confuso em como reagir, não havia muita segurança em aeroportos ou preocupações desse tipo. Tudo estava muito recente. Meses depois, eu conheci meu marido, e no ano seguinte, nas férias de dezembro, retornei. O cenário era outro. Como os ataques de 2001 foram na costa leste, agora estudiosos e autoridades especulavam que o próximo ataque seria aqui na costa Oeste, e onde mais você pode afetar um grande número de pessoas ao mesmo tempo que não no aeroporto? Senti a diferença assim que cheguei e na minha partida também. Eles checavam tudo que podiam: bolsas, as malas dos carros antes de vc estacionar, uma loucura. Mas o terror não atrapalhou apenas a vida de quem viajava, não. Se alguém via uma bolsa jogada na calçada, logo ligava para a polícia e eles tinham que checar se foi somente um distraído que esqueceu um objeto pessoal, ou se era mesmo uma ameaça.
Mas, na minha opinião, a pior consequência do medo, "pavor", de que alguma coisa do tamanho e amplitude que foi o ataque às torres acontecesse de novo, foi o chamado "ato patriótico". Entre outras medidas, essa legislação permite vigiar suspeitos de envolvimento com grupos terroristas, investigar documentos privados de instituições e pessoas, prisão de suspeitos sem culpa formada e interrogatórios intensivos. Muitos dos dispositivos de segurança adotados nos vários sistemas de transporte coletivo são garantidos por essa legislação. Os democratas e ativistas de direitos humanos acham que ela concede poderes excessivos ao Estado e afeta a privacidade dos cidadãos. Mas, apesar de ser um conjunto de leis de exceção para combater o terrorismo, continua em vigência, e já teve o tempo prorrogado, se não me engano, uma vez.
Não sei se por coincidência ou não, mas as várias atitudes que o governo americano tem tomado realmente conseguiram evitar, por aqui, um outro ataque nesses últimos cinco anos. Mas parece que tem tanta gente pensando em como burlar essa vigilância que um outro ataque está sempre prá acontecer e a pergunta que paira na cabeça de muita gente por aqui é, "será que eu vou estar no lugar errado, na hora errada"?