sexta-feira, 5 de junho de 2009


Desde que me mudei para este país de "Primeiro Mundo" - ou "Desenvolvido" para usar um termo mais moderno-, uma das coisas que me surpreendeu foi o quanto se fala em ser “Green”, ou ser “Verde”, por aqui.

Segundo estudos, os EUA produzem 25% das riquezas mundiais e, consequentemente, são os responsãveis por 25% da emissão de CO2 na atmosfera. Mas o povo aqui é tão consciente e há tantas ações incluídas na rotina dos cidadão para diminuir esse número, que fica difícil entender porque o mundo todo vive culpando os americanos pelo caos em que o planeta se encontra.

Eu me considero relativamente informada sobre o assunto, mas quando me mudei para cá ouvi falar de algo que nunca tinha pensado na vida em fazer em casa: ADUBO, ou COMPOST como eles chamam aqui. Como o povo daqui adora ter jardim e há grama em volta de todas as casas (o que não é muito ecologicamente correto eu sei, porque se usa tanta água para deixar tudo verdinho… mas essa discussão fica para um outro post), haja fertilizante. Então muita gente faz o próprio adubo em casa mesmo, utilizando as sobras de material orgânico que produzem.

Além de latas de lixo diferentes para cada tipo de lixo, como mostrei aqui, além de ter trocado as lâmpadas de casa há anos por aquelas mais eficientes energeticamente falando, e além de tomar muitas outras pequenas atitudes do dia-a-dia que ajudam a conservar o meio-ambiente, vou fazer meu próprio compost. E vou mostrar a vocês como é fácil, barato e que vale a pena.

Aguardem!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Falência, concordata, o que aconteceu com a GM?


A confusão é geral por aqui e pelo mundo afora. A GM faliu, pediu concordata, foi estatizada? Vou tentar explicar o que aconteceu não em economês, mas em português claro e com a ajuda do Aurélio.

Falir quer dizer simplesmente admitir que você não tem dinheiro para pagar as suas contas. Ou seja, como qualquer boa dona de casa e trabalhador sabem, quando se gasta mais do que se ganha, as contas não fecham no fim do mês e o sujeito tem que ir na venda da esquina avisar o dono que ele vai ter que esperar mais um pouquinho para receber o que se deve.

Numa escala um pouquinho maior, a montadora GM (que eu acho que no Brasil a gente conhece mais como Chevrolet), tem atualmente bens avaliados em 82,9 mil milhões de dólares, metade do valor total da dívida que carrega, que chega a 172,8 mil milhões de dólares.

Depois de tomar um empréstimo do governo, a empresa deveria ter entregue um plano de reestruturação da empresa que convencesse, até o dia 1 de junho. Nada saiu da cabeça dos administradores da GM, maior montadora dos EUA e segunda maior do mundo, que só tinha uma saída: pedir concordata.

Concordata, segundo o Aurélio, é um benefício legal (ou seja, é tudo feito através do sistema judiciário, representado por um juiz) que é dado ao negociante insolvente (falido) e de boa fé (que possa provar que vai dar um jeito na situação, e não está só querendo sair de mansinho de suas responsabilidades) e que obriga o sujeito a lidar com as dívidas que tem conforme a sentença (decisão do juiz).

A GM pediu protecção sob abrigo do Capítulo 11 da Lei americana de falências e concordatas. De acordo com esse capítulo, a montadora continua funcionando normalmente, mas ganha um período de proteção contra credores para se reestruturar. Esta falência surge precisamente para que a fabricante de automóveis se torne mais competitiva.

Após este pedido de concordata, a GM vai ficar agora, maioritariamente nas mãos governamentais. Os EUA deverão ficar com 60% do capital, depois de converter a maioria dos 50 bilhões de dólares de empréstimos, e o Canadá com 12%.

Após este processo será criada uma nova empresa que vai ter veículos das várias marcas da GM (Cadillac, Chevrolet, Buick e GMC) mas agora com uma missão mais direcionada para carros pequenos e eficientes no que diz respeito ao consumo de combustíveis.

Um dos motivos do declínio da GM, pelo que dizem por aí alguns especialistas, foi o mix de produtos, concentrado em automóveis que consomem muito combustível. Com a alta do petróleo e a preocupação com o aquecimento global, a montadora foi perdendo participação de mercado. E com a adoção de novas exigências de milhagem por litro, fabricar carros econômicos é ainda mais importante.

Fundada há 101 anos, a GM foi a maior vendedora de veículos no mundo entre 1931 e 2008, quando a japonesa Toyota a ultrapassou. Mergulhada numa crise sem precedentes — agravada pelo derretimento financeiro mundial iniciado em 2008, mas originada em procedimentos e estratégias empresariais muito questionados, como insistir na fabricação de picapes e SUVs beberrões e poluidores –, a GM começou este ano devendo bilhões de dólares, inclusive ao Tesouro dos EUA, e enfrentando dificuldades para fechar acordos com seus credores.
Outro fator de declínio da GM foram os custos trabalhistas – a mão de obra sindicalizada da montadora era muito mais cara que a de concorrentes como a Toyota. Com a concordata, é possível renegociar uma série de contratos.
No primeiro grande sinal da derrocada, no final do ano passado a General Motors teve de publicar um histórico anúncio admitindo vários erros, fazendo uma auto-crítica arrasadora e, finalmente, explicando aos cidadãos dos Estados Unidos porque se via no direito de pedir dinheiro público emprestado para sair do buraco.

O processo de reestruturação da GM inclui o fechamento de diversas fábricas e unidades nos EUA e o consequente corte de postos de trabalho — as demissões podem chegar a 20 mil, numa estimativa algo conservadora. Ao menos 11 unidades estão com os dias contados, entre elas, cinco fábricas de motores e estamparias, que devem encerrar suas atividades em 2010. Numa medida do que a quebra e severa reestruturação da GM podem fazer com a cadeia produtiva automotiva, cerca de 100 mil empregos podem ser perdidos nas revendas do grupo que serão fechadas nos próximos anos – até 6.000 lojas nos Estados Unidos estariam ameaçadas.

A esperada diminuição da produção, do catálogo de produtos e das vendas gerais da GM devem não só impedir que a empresa recupere a posição de maior do mundo no setor automotivo, como também fazer com que seja ultrapassada domesticamente pela própria Toyota e, num segundo momento, pela Ford – que então se tornaria a maior montadora dos EUA.

A companhia anunciou que não fecha a montadora do Brasil que fará parte do que está sendo chamado de a “Nova GM”.